Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

27.10.11

esfole o joelho. é só pele.



meus excessos
um ninho
no lugar mais longínquo do mundo
e tudo o que não cabe nesse momento se transforma em intervalo
naqueles vazios de comer o mundo.





 








25.10.11

aprendi a viver no vento
e me encontro na frase ou na estrada.
mas
ainda troco palavras por um olhar
para poder ter as maças, as noites brancas, a pessoa certa
na escrita que te pariu.


24.10.11

dear presente,


Bukowski disse "you have to die a few times, before you can really live", e andamos por aí a rasgar embalagens de plástico com os dentes porque as vezes as mãos não conseguem e temos pressa. Eu posso escrever sobre acordar de boca seca, urgências, de língua solta na boca, sim, tenho uma, entre outras (muitas outras, acrescente-se), taras em que acredito.. Por aqui, poros é sinônimo de coração, o futuro é um erro ortográfico a caminho... E, há quem use teclas que os dedos escolhem para dar corpo de texto ao manifesto. Este domingo morri 7 vezes.

20.10.11


A arte de desaprender o que está na ponta da língua
libertar dos hábitos
escama abaixo
s-aliv(i)ar.

Espero que doa.

16.10.11

Me leva e não devolve.
 Me leva e constrói um bar, vamos fazer alguma coisa grave porque nada mais nos resta. Te resta?
Vai, toma, me leva.
São essas suas palavras e minha loucura, 
eu poderia morar em suas palavras,
eu e minha imaginação sem fim.
Não te conheço,
mas não posso viver sem você
assim como não posso viver sem essa minha loucura.
Vocês me salvam.



14.10.11

a boca
roxa
a povoar na noite o que precede o sono
[isto para os que dormem]
Vai-se o equilíbrio. O equilíbrio vai-se. O equilíbrio, meu amor, foi-se.








12.10.11

e então nasce em mim um amor no cérebro
e isto é brilhante, oh é.
onde náufragos se vêem num plano de salvamento
transformados em heróis num funeral agendado
e isto é brilhante
enquanto o sucesso só lhe subiu a barriga
e o coração ainda estanca
me faltam as palavras para dizer tudo aquilo de antes
e isto é brilhante, oh é.
e então vejo em mim um amor no cérebro
como uma criminosa bem vestida
vistosa assumida
sob os olhares acusadores de um mamilo de fora
declaro em mim um amor no cérebro
e tenho urgência
ou sorte.

7.10.11

comecei a passar reto onde fazia curva

e por fim, me sobrou o sorriso. porque essa história tem por fim um novo começo. enquanto no meio descobria o fim.
Era uma vez, ou melhor, Eram umas vinte e sete vezes que doía aqui. - você enxerga aqui? aqui onde faz curva. Pois bem, fora ali que tudo teve início, meio e fim. Eu esquecia de mim. mas quando doía, era eu que existia. A vida em curva.
- obrigada! - estava na ponta da língua. Em desalinho, acostumada com a sangria, era vermelho o que sinalizava a partida.
 Mas a paisagem vinha perdendo sentido, já não mais sentia. E nem mesmo os olhos fechados resistia a fantasia. E o que já fora tremenda emoção dentro da curva, virara peso em contrapartida. Um dia, há tantos e tantos dias do meio, depois do primeiro começo, longe dali, avistou a tal linha sonhada. Delgada, sutil, ligeira. Gaveta aberta. Iluminada. Sem prolongar o discurso, abriu os braços ao sabor do desconhecido. Vislumbrou ser Dona de si, traçou sua ida. partiu.
Hoje quem a vê, diz que segue reta, cabeça erguida. Ela, diz tênue- e sorri.