Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

31.12.12

2013,

envio-te mensagens telepáticas que repito sete vezes seguidas..
e ficou evidente que é de pés descalços que melhor se aprende o chão. em retrospectiva, mantive distância da linha reta, saboreei das vertigens e povoei meu imaginário com coisas que só eu tenho acesso da minha infância. criei pontes, abrandei a rotina.. Respirei.
e a benevolência dos dias luminosos na iminência de um mundo que não acabou, se abriu no conforto das histórias que temos tanto para contar, para viver, sonhar, rasgar, escrever, cultivar.
continuo ser aquela que nada sabe sobre planos, mas tudo sobre desafios. e num desastre de intimidade excessiva, esse descompromissado blog torna-se tecido orgânico, rasgando e expondo em carne viva um pouco do que sou, do que tenho, do que quero, do que invento. E a menina que trago por dentro, vai dominar o mundo -dias sim, dias não e algumas noites, afim de que não caia em repetições.
no entanto, meu desejo é por experiências libertadoras sempre que impossível. sempre que o impossível.


«Pensei que a letra minúscula no início poderia significar que nada começa verdadeiramente de novo, como o sugere a maiúscula, mas que, pelo contrário, tudo se insere num constante fluir.»Sylvia Plath


 


11.12.12

eu gosto de posse e de permanência.
Tudo pode acabar em um momento.
então eu quero a totalidade
que a percepção da morte
me dá,
de uma vida mais intensa, apaixonante
e minha.
Visceralmente minha.
 
o resto deixo pra alma ao encontro da luz.


Paradoxalmente: está proibida a entrada de borboletas no estômago neste momento.
 

 
 


8.12.12

leve tudo amor. Não esqueça o torcicolo, ele é seu tambem.


sem pensar nas falhas e marcas dos corpos já usados, se entregaram. E precipitadamente, não que isso não seja de bom tom quando se fala de amor- precipitar-se - eles dividiram a cama, a toalha, o prato de comida, a pia, a escova de dentes, a bebida, as risadas, a fantasia e o lixo. E se jogaram na montanha russa que era aquela aventura tragada à quatro pulmões. Os pronomes usados eram os mais possessivos. Ah, tudo era permitido! Um egoísmo aleatório aos que não sabem a sede que dá se apaixonar. Dois corações palpitando um sobre o outro em sentido anti-horário, anti-limite, anti-monotonia. Estavam na palma da mão do mundo, largados, com ideias de viagens e histórias que beiravam um futuro. E com tanta gente a procura pareciam abençoados pela Lua Azul.
 E estes dois tiveram dias felizes, e foram completos e foram inteiros, doidivanos, vagabundos, alucinados, noturnos, clichês, intensos... Só não foram invisíveis.

Hoje extintos.




4.11.12

Minha obra sou eu

Sou o tipo de gente que faz coisas por
desacato ou fascinação.
Quero viver outras vidas, fumar outros cigarros,
ir de bar em bar
e esquecer do suplício da lucidez
Quero me entregar
Agora, vou apagar as estrelas e acender o céu
Não tenho medo do meu escuro
vou fundo. vou-e-volto
a escuridão nunca está fora da gente.
Sigo sem fabricar nenhuma boa consciência
não vivo disso
Sou mais que isso
e pra depois disso
Sou a favor do hedonismo mundano
de forma que o vazio dissimulado de todos seja completamente aniquilado.
E meu fim, baby
 Vai ser de amor, Perrier e black de menta.
 
- Aceita? 
 
 


22.10.12

chegou outubro com todas as minhas vontades sagradas e que ainda não tinham perdido o gosto. Tudo muito rápido feito vulcão. Um aglomerado de desejos, músicas, histórias, loucuras, amanhecer e pele que mantenho doce em ponto de bala, pra não endurecer. Eu gosto do som dele, e falo isso de um jeito solto, macio como a camisa azul céu, que revelava ainda mais o meu corpo e precipitava sentimentos metaforizados sob a luz na janela de madeira escura, enquanto eu ansiava pelo vinho e a pizza homemade. Eu gosto de homem prendado e que sabe me deixar com um sorriso ainda maior no rosto. E vou lotar a cama dormida dele com tantos eus, meus, nossos pra desembalar a preguiça da entrega e não esperar nada mais que não seja o amor.
E tudo o que eu quero agora, nessa tarde de segunda morna, é que esse texto curto, torto, afiado, feito faca, corte a carne de vocês.

'you have found her,
now go
and get her'
The Beatles

26.9.12

 Haviam prometido flores para hoje,
mas a chuva abateu-se sobre nós.
rua sim, rua não.
Temos frio. abre uma vela, escreve um vinho, bota uma carta,
acende uma música.
E o virtuosismo do cobertor nos ocupa todo lugar
em felpudos abraços
que nos remete 
ao quente 
do outro.
E quanto ao resto, tanto.
 
 

20.9.12

procurando encontrar o caminho onde passam minhas palavras. Uma via de mão dupla interrompida, uma estrada vazia, bem aqui na minha língua.
A passagem. e meus dedos impacientes aguardam derramar do coração, a tal da porta escancarada de vinho e loucura na veia, vias cruzadas por emancipações e pela vontade precoce amplificada que me arremata para além dessas estrelas que conto, que vejo, que grito e ninguem vê - e sempre apago o caminho de volta. sempre.
ao menos um pouco.

4.9.12

andar na linha não é questão de equilíbrio, mas de vertigem.


Sabe?
sabe sim.
e voltei a usar aquela lacuna (aquele espaço vazio de tempo, de sopro, de nada) para poder escrever-lhes sobre o que não devo fechar as portas. Diálogo com o mundo. Paciência. Um pouco como exercício
como despacho
consciência
desespero
terapia
sossego
um pouco como coisa de gente
que reproduzimos
reproduzimos
reproduzimos
 
[fecho os olhos]

 

27.8.12

Depois, na mesma tarde
como o pão precisa da boca
há de morrer de morte súbita
sem aviso prévio.
e os demônios se sentem envergonhados
de tamanha nudez
menina, que traz à carne o que sente
que expurga artisticamente
pele, artéria, veneno...
para ter um rosto reconhecido
no meio desse turbilhão de gente.




 

14.8.12

e no tempo de revisitação, perante um romance que procura retomar o fio de um sentido há muito perdido, descartar e retomar inebriam qualquer coração relutante. Um estranho e conhecido habitat, onde foices, linhas, agulha e mel já foram usados e a platéia sempre esteve presente, um verdadeiro circo de dedos em riste.
Eles então, ainda temerosos e de maneira calculada, até onde se pode calcular o que se sente, observam o movimento local, esperam a platéia adormecer e em punho de seus peitos abertos se entregam de maneira sanguinária ao que o público ovacionará em muda aceitação.
E há quem nunca mais dormiu depois daquela noite.

2.8.12

Era algo que se guarda no bolso esquerdo, do peito, o de dentro. e naquele fim de tarde, naquele último instante onde todas as loucuras podem acontecer, nos últimos dois segundos de horas despencadas a tapa eu invadia o armário de lembranças em punho, sem medo de correr ou negar que isso tambem é tentativa. Estou aqui, baby, para revolucionar caminhos e não esperar o aborto de ideias alheias para consumar os meus quereres. Sou a força, a invisibilidade do vento e meus pecados são sempre consumados. E enquanto está tudo em movimento, meu vestido, meu cabelo, minhas pernas, meu plano de nos enfiar nas melhores coisas do mundo - eu confesso que respiro com mais profundidade, no último volume.


imaginação, conheces?


18.7.12

gostaria de lhe dizer à risca, um bando de coisa. Mas daí, entala na língua, naquela dobra em que guardo todas as minhas instruções. Meu coração leve-levado-lavado, sangra a cada cuspida d'alma ignorada. Nesse mundo sem graça, ninguém mais sabe sugar e nem ser sugado, até a última gota. Só se escuta: - hey, segura a onda!
Rifa-se quebra de rotina. (Dis)pára-te, em movimentos cadenciados, oriundos do seu fim de linha,
que te espero na esquina.


um pouco antes, ainda secos, te deixo a poesia:

vês?
em coração raiz
minha mente alada



    

    9.7.12

    ando tropeçando na minha sombra e voilá,
    ela é tão transparente, como a projeto.
    Sou eu + eu
    coração + coração
    Sobrepostos, sobreaviso, sombreados
    Sobre o que eu sei quem sou.

    e o tempo pinta tudo de branco.


    minha nave, my love, dirijo eu.

    3.7.12

    vigésimo nono round e minha alma não dança com números.
    Desperto da multidão, pele, cabelo, chão e é necessário que aqueles que vão reconstruir, amem o espaço, a luz e o próximo. Contro-ordeno, meu corpo de texto nu, feminino. E a intimidade em domínio público, entre as histórias, versam meus pequenos delitos.

    15.6.12

    e no estado líquido de quem ainda se importa. volto a essas linhas de boa prosa, querido blog.
     De passagem, testemunho carne, osso, restos e sinto falta do tom rasgado de quem se deixa roer. Fuck caravaggio, chopin, freud, jung... Me injetem na artéria principal! Se for preciso atravessem a cidade de uma ponta à outra, a pé, para conseguir. Mas se a tentativa sair frustrada, come-se, dorme-se e esquece-se essa necessidade. Vez ou outra tenho sonhado com essa página branca de um azul gélido e
    (...)como é hábito, estou a entregar-me a devaneios. Debruçando-me sobre conhecimentos mais exatos da eletrônica do cérebro, a verdade é que as drogas continuam ser a ferramenta essencial do interrogador no ataque que faz à identidade pessoal do indivíduo (...)


    e te espero nua, em série.

    28.5.12


    Você existe e eu nem sei mais.
     Não te acompanho nessa preguiça de se entregar, sem poupar nada de você. Aliás está tudo em movimento, tudo rodopiando nas estações dispersas, enquanto envoltos, ao redor do umbigo dançamos a música do irlandês. E mais uma noite, quase me comporto, cruzo as pernas, jogo o cabelo para trás; e falo. Falo de você pra coisa tranquila de mim, pro cheiro dos meus livros, pro sossego da música. Mas quando eu termino, chego na última página do livro, nessa história mal contada, me dá vontade de explodir no último volume da canção. Eu caminho com um coração rebelde na mão. E você, num movimento rápido leva tudo água abaixo pra gente começar do final.

    - Depois disso o café da manhã é seu.

    7.5.12

    ligeiramente embriagado e em modo fruição. Ao ouvir-me poesia consegue ser inacreditavelmente sexy. Um livro de receitas. Dois, um de doces e outro de salgados, e me pego a come(lê)-lo frugalmente. Por aqui é assim, você se torna um livro aberto ou pior, um livro descarado - disse-me uma vez, depois de me ver recitar baixinho, quase em sussurro. E eu respondo aos tubos, me ignore se for capaz, sou livros pra agora e pra depois! enquanto traço mais uma de minhas estripulias melâncolicas, alcóolicas, sarcásticas, românticas, atômicas.
     Eu aumento volume sempre que estou por perto e faço algazarras ao berros: alugo-me para rir! Faça de mim moradia de sua jornada e me arranque gargalhadas. O mundo não é feito pras recordações em cima do aparador antigo na janela, não se mexe nas boas memórias.
     O mundo é feito pra se jogar, em pêlo.

    1.5.12

    - o medo come a alma;
     disse o espelho enquanto se distraía com a imagem multifacetada do meu olhar. Sorrateiramente, como quem pede licença, vou adentrando a semelhança que acalenta meus sonhos, numa busca do equilíbrio faceiro, brincando com o bem, o mal, o mundo inteiro. Faço história, faço charme, faço chuva e o escambau. Faço você arrancar essa máscara que de mentira me conta verdades, antes mesmo de esfriar o travesseiro, pra que te lembres que sou ninho e vôo longe. Enquanto nessa encruzilhada, meu bem, ficamos sós, frente a frente com a auto-imagem espelhada no umbigo, no meu caminho digo bem baixinho, pra que nem eu mesma escute: - o que será de nós sem carinho?


    orgulho besta, vaidade besta.
    

    25.4.12


    estou anestesiada
    enquanto sonhávamos um ao outro
    estou anestesiada
    essa nossa loucura foi sempre muito antiga: tinha a idade de antes do mundo
    e os riscos e riscos
    eram fósforo, fogo, papel e escrita.
    Nem te conto.
    

    15.4.12

    O que eu preciso está aqui.
     Mas frases de auto-ajuda não me baseiam, não me descobrem, não me botam no lugar onde vivo. Loucura na veia, buraco no peito e derrubo paredes que me sufocam. E no fundo, no fundo, no fundo é vontade de sentir tudo de novo pra saber se cabe no peito. E há quem diga: '- me dá tesão te ler'. Sou dessa gente que mete o pé na porta, que asfixia paranóias. Bom, hoje é domingo  e teimo em me levantar as treze da matina, de deixar as coisas danadas no travesseiro, de abrir as portas dos bares, de sair correndo. Os sonhos me perseguem ainda na ilusão de arrebentar verdades a tapa na minha cara, mas o que eu quero - como disse bem a poeta - ainda não tem nome, preço, lugar de chegada e partida. Sou um tufão de pensamentos e me alimento saborosamente do presente. E debaixo da saia o que resta, é minha revolução de mãos dadas em palavras abertas no co-ti-di-a-no dessa vida emprestada.

    2.4.12

    Fora da estação

    E aquele olhar, nada mais era que a vontade de revolucionar minhas ideias. Sabe, não me prendo no varal de peças antigas, mesmo gostando do cheiro amadeirado que o antigo me aborda. Inalo fantasias ao ponto de me ver em caleidoscópio enquanto espero a chaleira apitar. Gosto de imaginar a ebulição que o fogo acelera... vrummmm..... saiu o café! Agora, me imagina de avental xadrez, cheiro de erva, naquela vontade de te tomar as 9 da manhã, de tomar seu whisky, sua caipirinha, uma vontade imersa na minha xícara.
    - meu erro é sempre me permitir errar.
    E eu largo tristezas pequenas, preocupações cansadas e deito a minha cabeça sobre o colo das nossas coisas. Mas a vontade mesmo é de tacar fogo na coisa calminha que a gente finge que aceita, de esfregar minhas coxas no que chamamos de silêncio. e errar tudo de novo.
    Aos berros.

    20.3.12

    Depois da concentração perdida

    Eu já estava completando o quinto copo de ansiedade naquela noite de conversas a-fiadas, naquele ponto em que a bebida fala, quando ele apareceu. Eu estava indo para qualquer lugar, pela simples satisfação de estar indo. Gosto de me sentir livre de escolhas. Mas colocar um verbo no plural, é o tipo de coisa que me deixa imensamente feliz, tanto quanto tomar cerveja do copo dele, tanto quanto o refrão rasgado da música de 82 que não sai da minha cabeça. Agora éramos dois, um sós*
    Descobri que ele tem aquela violência sutil que me agrada, descobri pele, descobri a voz quente, realinhei meus chacaras. E eu só queria encontrar o zíper para abrir o peito dele. Fissura. Sabe o que significa fis-su-ra, sussurei no ouvido dele. Gosto de gente que se entrega, gosto de gente que gosta de mim, gosto de gente que entende o que é fissura. Foi assim que ele me deixou - Fissurada.
    Me desarruma. Anda, me desarruma. Esperei a semana inteira, uma vida inteira, por esse momento de novo. E estava tudo em movimento - minha blusa, meu cabelo, minhas pernas, tudo me apertava contra ele. A favor dele.
    Saiba que para escrever essas linhas preciso me desconcentrar de qualquer distância. Me jogar no buraco do peito, pintar meus olhos para combinar com suas cores diferentes, ajeitar meus passos com minha cintura leve. Ouvir a música certa.
     E falo de você para as asas das minhas costas.

    quero começar tudo de novo. Voa comigo?

    14.3.12

    libertar, ultrapassar, respirar e partir

    Era uma quarta e o sol brilhava como se os céus só soubessem festejar.
    Eu e meu amor, amor meu, de línguas antigas, chuvas internas, brinquedos e vendaval. Estar às três da tarde viva, estar às três da tarde com ele, estar às três da tarde num sentido de vaidade conjunta por sermos a coisa mais bonita dessa  cidade. E recorto nossas fotografias pra colar na folha branca que impressa meus dizeres, no serão virtual que propago minhas verdades. Oh! Doce que és maternidade, que enche meu peito de força que eu nem sonhava arrebentar na cara de quem pesa a vida. E digo pra você, sorrindo o laço dado no tênis:

    - Filho, o tempo não existe. Eu te amo pra sempre.

    6.3.12

    antes que tudo se reduza a pó,

    encontrei o meio de não me afastar do que vivo intensamente
    Escrevo.
    Transformo-a em imortal,
    vivência minha
    lida sua
    re-lida minha
    repassada nossa.
    Em vão, um sonhador remexe em seus antigos sonhos
    em busca de uma única fagulha que possa
    remontar
    em seu coração
    aquelas batidas perdidas no espaço-tempo,
     que é cada momento.
    Nessa vida tudo é em vão, posto que é única, singular e efêmera.
    Mas tem nada não,
    continuo me jogando no que me arrebata em sangue
    e esfregando minhas loucuras
    na cara de quem passa os olhos sob.

    'os sonhos tambem precisam ser substituídos' diria Fiódor em Noites Brancas (e raras)


    sem medo. 

    26.2.12

    Essa noite vou te amar como se não houvesse ontem
    Essa noite vou te amar como se não houvesse amanhã
    e vou vasculhar sua mente como quem busca a saída para todas as sensações que pudessem justificar todas as palavras que quero ouvir e que você cisma em me esconder. Essa minha mania de gostar dos pecadores, é jogo pra sua mão cheia de improviso. Viro esse jogo. Enquanto espeto seu coração sem nenhum aviso, me grita, vai, me grita o que entope seu peito cheio de decisões. Vou levantar minha saia pra você, sua saída nesse mundo de contentamentos baratos, gente chata e coisas fáceis. Vai, pega o que você quer, essa noite eu deixo, pega o que é seu, essa noite eu sou. Talvez, não tenhamos outra, e outra, e outra...as noites nunca são iguais. nunca. Nem eu. Nem eu. Nem eu.

    15.2.12

    boto fantasia
    tiro fantasia
    fantasio
     que
    boto
    fantasio
    que
    tiro
    fantasia que fantasio
    e a bosta da realidade
    a-tiro

    13.2.12

    é pecado não consumado e exposto em flores pela casa.
    Enquanto minhas paredes, cor de vento,
     traduzem meia dúzia de palavras que se diz
    quando na verdade não se quer dizer nada
    e tudo o que se faz, é gesto infame pra acabar com toda a ladainha caótica,
    num daqueles melhores abraços - daqueles que marca a cintura e protege minhas pernas. 
    Algumas partes impublicáveis, ganha destaque em meio ao tufão de pensamentos
    que nos recorta em pedaços de invisibilidade mortal,
    pra quem grita por amor.
    Acorda!
    Eu falei que não te acompanharia no medo de se entregar. Te arranco riso ou dor.
    Mas te arranco.
    E nesses trechinhos de sobe e desce e língua
    vaga é a ideia que eu tinha de amar.



    Acorda! 



     

    8.2.12

    free spirit

    - e o que você está esperando?
    - estou esperando a pessoa certa pra beijar e me transformar num ser humano.
    ...
    - o passado a Deus pertence. o futuro uma ilustr(e)ação. não se censure comigo, presente.


    Por fim, sentou-se no cavalo como se fossem os dois só um. Um cheiro único agudo que não se confunde uma vida inteira.

    4.2.12

    Luiza levantou sua taça de digitais e tinto para a Lua, enquanto expressava o sorriso de canto de boca, que sempre lhe caíra tão bem em noites que não se pode remediar, e perguntou:
    'Você tem ido para cama com alguém ultimamente?'
    A Lua não respondeu.
    'Você tem amigos?', perguntou novamente. Na insistência de ganhar uma resposta, um raio certeiro que fosse, em seu peito aberto de precipitações.
    A Lua não respondeu.
    Na falta de ilusão, Luiza, agora com sua taça em ponto de bala, arremessa a mais contida pergunta na direção do mar melancólico de estrelas:
    'Você não se cansa de fazer o tipo 'sou cool' todas as noites?'
    A Lua não respondeu.
    ...
    O vinho acabou.
    Restaram as digitais.

    30.1.12

    viver é arregaçar verbos

    há quem queira arrebentar minha cara por ser intensa e derrubar faíscas por aí.
    não decoro afirmação, não tenho ritmo para isso. É sim ou é não. A certeza é essa força de libertar a alma de grades e correções. Não me interprete mal, meu bem. É só um jeito torto de existir em linhas curvas de contraste sobre a vida. Não rodopio ao umbigo. É todo esse universo. É toda essa coisa de melodia incerta. Eu não vim aqui pra ensinar, minha gente. Eu vim aqui experimentar. Numa vontade de arrancar a realidade, seja como for. Derramar as palavras enquanto você segura esse riso frouxo com medo de perder metade da decência, com medo de revelar dor. E te digo mais, não te acompanho nessa preguiça de filosofar e deixar marcado o amanhã. Porque enquanto eu me desembalo, vocês marcam a própria testa.

    - Vem, que a alma ultrapassa!

    26.1.12

    entre o dia e a noite
    espasmos no vazio
    manuseando a inutilidade da ignorância
    essa indecorosa armadilha do eco
    ego
    eco
    Em sentido algum - planam todos
    braços dados numa só voz
    contrariando a quietude do vigésimo frame acelerado
    acorrentado
    dos que Tem
     fome.

    num futuro, o corpo exaurido transcenderá o novo começo.

    Amém.


    20.1.12

    excuse me, while i kiss the sky

    Se conheceram no futuro
    se reconheceram no presente
    se apaixonaram para sempre.
    Não falam de amor nem do contrário, sussuram beijos que se
    sonha, dormem abraçados
    desafiam o tempo.
    No passado foi-lhes dado a missão
    de construírem seu amor
    peça por peça até alcançarem o céu,
    rasgando as nuvens e pintando,
     antes que a noite chegue,
    um coração no lugar da lua.

    Desde então..

    Todos os dias 
    consolam os amores errados,
    antes que a noite acabe.


    17.1.12

    pelas gargalhadas, lanches noturnos e flores

    teve um dia imPECÁVEL para além de todos os vocábulos. De poderes especiais ao peito, de jornada contínua, passou mais um dia imPECÁVEL. Usufruiu do tempo oblíquo, tecendo longos pensamentos, cumprindo metade e substituindo o restante. O que sobrou, fez prática no que a alma pedia e o corpo acusava.
    imPECAVELMENTE, como tudo caminhava, pôs-se a agir em um plano de hu.ma.ni.za.ção. Em certo momento, visto que, essa ação seria sem retorno ou fim, deu um grito de valor incomparável a condição humana:
    - Amanhã serás de papel !
    E hoje, do alto de sua imPECÁVEL mente, parte do tempo investido virou passado e segue escrita.
    Tudo peca, tudo passa. E um dia serei florista. Distinta e singular, poderás vir em sonho me visitar.

    12.1.12

    Desfibrilador
    livrai-me da morte
    que por sorte
    ainda sinto 
    a dor do 
    amor
    Choque essa legião adormecida
    despedaçada, apodrecida
    com minha pulsação lenta e esperançada

    - Já tinha morrido há dois dias e só ontem soube, quando sentiu nos seus olhos o pesar.

    Nada de flores em minha despedida
    nem religião
    Declaro enfim
    que meus batimentos serão os novos mandamentos
    seguidos
    sentidos
    enaltecidos
    a tal linha verde limítrofe do meu último virtuosismo cardíaco
    que no ensaio do fim
    traduzida será
      em cartas anônimas
    de amor



     o carteiro, naquele instante derradeiro, se viu responsável por toda humanidade e
    o paraíso, no mundo inteiro.
    Hoje, todos que aqui habitam,
     tem o direito a pelo menos uma carta de amor
     por dia.

    11.1.12

    a seu tempo.

    nasceu com um pequeno defeito e essas coisas de coração, tudo em segredo.
    Ganhou corpo, aprendeu truques da vida e partiu. Só não sabia que seu coração crescia em demasia, mais que o previsto no espaço tempo que lhe cabia. Foi vivendo, já que não tinha outro jeito, com um peso tremendo dentro do peito. Cercou-se de gente, de verdades endurecidas, criou filho, trabalhou sem parar, reuniu memórias e certezas...até encurvar-se, sem saber o que tanto lhe doía no centro. Suas fraquezas, mandava pro vento. Contava a todos seus bem-feitos e sua coragem brutal, trazendo a mão sempre ao toráx. Eis que, já franzina e com idade avançada, descobriu que tinha um coração imenso. Assustada com toda essa ideia de sentimento, da gravidade no momento, na hipótese de não ter aproveitado toda aquela sangria, resolveu adiar tudo o que seu bolso gritava e viver da qualidade de quem lhe queria bem.
     Hoje, o coração imenso é seu fio condutor, suas posses, sua densa sabedoria. Ela, ainda leva as mãos ao toráx quando conta suas valentias. Mas agora, tudo é doce.

    Que ele pese, leve e preserve.

    6.1.12

    espero que saibas o que esses verbos significam em mim.

    Pelas pernas.
    Que Dois mil e doze me suba pelas pernas em abraços que nada neguem. E me carreguem, me recarreguem enquanto meus olhos deslizam no calendário por todos os desejos. Quero ver meu coracão afiado bater dentro de você, feito estilete, Dois mil e doze. Segurando-me pelos cabelos, apertando meus defeitos, e sufocando a lembrança viva do meu pensar confuso.
    É verdade que o tempo parece curto, e que na maioria das vezes eu insisto em manter a venda nos olhos, deve ser medo de revirar todas as canções antigas deixadas numa gaveta qualquer. Arrisco-me ao menos uma vez em tua porta aberta, Dois mil e doze. Bagunce-me. Reavalie-me. Me encosta na parede. Me desconforme. Quero sentir o gosto transformador de me ver arrancada das minhas certezas.
    Descarada, errante, pequena para os teus sonhos grandes e para as esquinas do seu mundo.
    Dois mil e doze, não é tarde. nem falso alarme.
    E prometo, deixar-te decifrando nossa futura despedida.