Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

29.12.11

os olhos fechados é redundância.
Não precisamos de ilusionistas para nos entregarmos a ilusão. Se a visão não fosse uma ilusão, perceberíamos que todos os passos dados são no escuro.
 E que assim, (in)consciente, venha o novo. O desconhecido número. A entrega.
Cheers!

28.12.11

se os corações são de vidro porque não vão os copos morrer por amor?

Alerta: a música parou de tocar tem 8 minutos.

aproveitemos a euforia, sabemos que esses segundos otimistas são demasiados escassos. Já fui destas pessoas que se apaixonam. Dezessete vezes. Por dia.

e quase asfixio neste corpo.

22.12.11

quando é hora do sol,
 frio faz calor jaz
portanto,
assim como as estações
Tambem me-confundo-te

usemos as mãos para fazer a estação.



12.12.11

Declaração fundamental para hoje: não acredito que uma palavra possa dizer mais que um suspiro*
- então, onde você mora?
- a maior parte do tempo na minha cabeça.
- e a sua alma?
- mantenho a que tenho perto da saída, onde tocam meus blues.
...

- Ah, e antes que eu me esqueça, ou você se perca, ainda sonho em morar nas nuvens. e amanhã, quando eu acordar, vou tentar não esquecer de usar o vestido vermelho e comprar uma passagem para onde eu nunca fui e onde já fui tudo. Vem?

5.12.11

Envio-te mensagens telepáticas que repito sete vezes seguidas
*
*
*
*
*
*
*


Dizem que na autópsia o meu coração ainda batia.
Foi sempre esta a minha postura.




4.12.11


O que é terrível são aquelas solidões que não são aproveitadas e depois as pessoas vão se encontrando sempre na mesma posição. Daí penso naquela sensação de que a pessoa não teve tempo pra ficar sozinha, terrível. Na dúvida nunca pouso os pés no chão. Me entrego as linhas que nos separam e me sinto aliviada, e mesmo que interessam-me muito mais os movimentos humanos do que as paisagens, não me perco rabiscada no caminho. Quando estou sozinha esqueço da feiura do Mundo -- e me pego a pensar em coisas tão bonitas. Quando tenho gente, contemplo a beleza do mundo -- e me pego viva diante de tanta loucura.
2 doses de absinto e 1 de realidade, sem gelo. E vocês aí embaixo, acompanham?




30.11.11

E no entanto é bela a ideia do tropeço se ajudar a afirmar o passo.

Joguei minha imagem no copo daquele homem de bigode quente
tragando seu último gole de vida
buscando em sua ferida a minha saída
Cansada do espaço apertado que aquela imagem fazia de mim
Torta
Bati a porta na cara deslavada dos transeuntes que nada sabem sobre o que respiro.
Irônico ou não, vivemos diariamente e pro resto das nossas falíveis vidinhas medíocres, em círculos giratórios que nos fazem cair na mesma até que um dia, a gente acorda, e aceita o tal círculo e aprecia as voltas danadas que ele dá.
Enfim, joguei minha imagem no copo daquele homem de bigode quente
tragando seu último gole de vida
buscando em sua ferida
minha entrada
...


..

22.11.11

 Venha amor sanguinário, me agarre pela cintura enquanto ainda estou de saia. Enquanto ainda pulsa os restos mortais impecáveis daquela noite em que assumi a metade que cabia em seu corpo e que faltava em minha alma. Suba pelas minhas pernas, ataque minhas beiradas com os afagos de quem domina uma nação, enquanto ainda bate em meu peito uma vontade insistente de qualquer coisa que envolva mais alguém.
Venha e supere toda as minhas expectativas mundanas sobre o que ainda aguento no pico do abismo, na minha vertigem, em queda livre, louca e oportuna. Porque se ainda respiro, porque se ainda anseio, porque se ainda quero sentir os vestígios deixados pela sua boca naquele copo de vidro, naquele bar no fim do mundo, perdidos ao som do blues mais triste já ouvido.. Pois venha meu pequeno amor, em cortes profundos, na artéria certa, atinja meu miolo sem medo de rasgar a pele. Seja letal até meu último suspiro.
 E que isso custe todo o meu batom.


13.11.11

Bem vindo de volta ao éter.


 

Se o passado é a transformação de um tempo num lugar, acabaram de inventar no meu peito uma porta aberta. E tudo isso tem um (des)encanto próprio, típico de quem regressa, e carrega suas entranhas anunciadas como jóias. Há os que as carreguem escondidas, como armas, em qualquer parte da vida.  E damos de cara, ou a cara a tapa, com um passado que insiste em não se transformar num só lugar. Seria muito cruel da minha parte se eu disser que fico um bocadinho contente por te ter tirado um pouco do ar?
O verdadeiro passado é aquele que não nos limitamos a recordar mas a percorrer. Respira.


8.11.11


Levo sempre três palavras embaixo da língua, Sr.meritíssimo,
são minhas instruções.
Há quem faça inquérito com elas,
eu só gosto dos que fazem mundo.
- Sou culpada.

Sábio o homem que teme encontrar a vítima e não a assassina.

caso encerrado.

2.11.11

Daí essa sensação de lâmina encostada ao peito. Poesia, portanto. Denso, estreito, profundo, cortante - proclamando abstrato em doses distorcidas horárias, meus pensamentos em gritos. Anseio acordar nesse momento ou morrer em meu leito, seu peito, o nu, à todos, instantes, flashes, frames, o fogo. E certeiros, a ponto de bala, convoco-os enxame, abelhas, zumbidos, zombados, árdidos, ferróticos, nervosos, gostosos, os ossos. Me despeço com mel da carne, meu espaço, nos passos, a Lua, no sangue. Daí a sensação da lâmina encostada no peito. Rasgando-o.






27.10.11

esfole o joelho. é só pele.



meus excessos
um ninho
no lugar mais longínquo do mundo
e tudo o que não cabe nesse momento se transforma em intervalo
naqueles vazios de comer o mundo.





 








25.10.11

aprendi a viver no vento
e me encontro na frase ou na estrada.
mas
ainda troco palavras por um olhar
para poder ter as maças, as noites brancas, a pessoa certa
na escrita que te pariu.


24.10.11

dear presente,


Bukowski disse "you have to die a few times, before you can really live", e andamos por aí a rasgar embalagens de plástico com os dentes porque as vezes as mãos não conseguem e temos pressa. Eu posso escrever sobre acordar de boca seca, urgências, de língua solta na boca, sim, tenho uma, entre outras (muitas outras, acrescente-se), taras em que acredito.. Por aqui, poros é sinônimo de coração, o futuro é um erro ortográfico a caminho... E, há quem use teclas que os dedos escolhem para dar corpo de texto ao manifesto. Este domingo morri 7 vezes.

20.10.11


A arte de desaprender o que está na ponta da língua
libertar dos hábitos
escama abaixo
s-aliv(i)ar.

Espero que doa.

16.10.11

Me leva e não devolve.
 Me leva e constrói um bar, vamos fazer alguma coisa grave porque nada mais nos resta. Te resta?
Vai, toma, me leva.
São essas suas palavras e minha loucura, 
eu poderia morar em suas palavras,
eu e minha imaginação sem fim.
Não te conheço,
mas não posso viver sem você
assim como não posso viver sem essa minha loucura.
Vocês me salvam.



14.10.11

a boca
roxa
a povoar na noite o que precede o sono
[isto para os que dormem]
Vai-se o equilíbrio. O equilíbrio vai-se. O equilíbrio, meu amor, foi-se.








12.10.11

e então nasce em mim um amor no cérebro
e isto é brilhante, oh é.
onde náufragos se vêem num plano de salvamento
transformados em heróis num funeral agendado
e isto é brilhante
enquanto o sucesso só lhe subiu a barriga
e o coração ainda estanca
me faltam as palavras para dizer tudo aquilo de antes
e isto é brilhante, oh é.
e então vejo em mim um amor no cérebro
como uma criminosa bem vestida
vistosa assumida
sob os olhares acusadores de um mamilo de fora
declaro em mim um amor no cérebro
e tenho urgência
ou sorte.

7.10.11

comecei a passar reto onde fazia curva

e por fim, me sobrou o sorriso. porque essa história tem por fim um novo começo. enquanto no meio descobria o fim.
Era uma vez, ou melhor, Eram umas vinte e sete vezes que doía aqui. - você enxerga aqui? aqui onde faz curva. Pois bem, fora ali que tudo teve início, meio e fim. Eu esquecia de mim. mas quando doía, era eu que existia. A vida em curva.
- obrigada! - estava na ponta da língua. Em desalinho, acostumada com a sangria, era vermelho o que sinalizava a partida.
 Mas a paisagem vinha perdendo sentido, já não mais sentia. E nem mesmo os olhos fechados resistia a fantasia. E o que já fora tremenda emoção dentro da curva, virara peso em contrapartida. Um dia, há tantos e tantos dias do meio, depois do primeiro começo, longe dali, avistou a tal linha sonhada. Delgada, sutil, ligeira. Gaveta aberta. Iluminada. Sem prolongar o discurso, abriu os braços ao sabor do desconhecido. Vislumbrou ser Dona de si, traçou sua ida. partiu.
Hoje quem a vê, diz que segue reta, cabeça erguida. Ela, diz tênue- e sorri. 

28.9.11

mut- antes

É chegada a hora de prepararmo-nos para
 derreter
exarcerbar
calçar o chão
vestir as paredes
destilar
arrebentar
subir o chão
perder as paredes
A corrupção dos corpos é uma ordem!
Libertos da superfície
em velocidade letal
até surgirem largos loucos livres desenhos de ar sob luz intermitente
Evaporar

*
*



'Intento é a relação com o sagrado'








23.9.11

amores imaginários/pé na estrada/quero todos os elogios à mim escritos nessas paredes/o mergulho na cidade enfiada no copo de vinho/meu destino tinto marcado pra sempre/regresso amanhã envolta nas imagens circulares do amor/na absoluta onipresença das novidades que destilam minhas veias/e se tudo isso não é um sonho/e se o cavalinho se joga na chuva/se a imaginação ainda mata minha sede/e se o mundo nada mais é do que uma rolha em busca de uma janela pra estilhaçar/eu sou feliz pra cacete.


we accept you, one of us!

13.9.11


Preciso de um coração novo. Um coração com menos entulho, menos barulho. Com menos destroços. Com menos abraços desfeitos, menos unhas cravadas -  e se possível sem quaisquer detritos impróprios.

Preciso de um coração maior. Quero um coração novo e dos grandes, cheio de ar e de sorrisos, cheio de uma resignação feliz, sem ódio, sobretudo sem ódio, e sem qualquer chama que se alimente do seu oxigênio. Preciso de ar, sem medo de sopros. Um tipo único de coração inflável, para que na exata hora de abrir o peito - porque sempre chega a hora de se abrir o peito- eu falasse em tom rasgado, cheia de charme: Pode chutar, pisar, esmagar à vontade! E então no fim, triunfante, eu anuncio: Rá! este coração nem de felicidade há de arrebentar.

10.9.11

com tamanha dedicação recorto pedaços do mundo

Sou efetivamente uma anti-heroína,
no entanto obrigo-os a abandonar essa ideia tentando com a minha redenção sem, obviamente, permitir que dela se convençam totalmente.
E por fim, deixo-os com os mesmos sentimentos contraditórios,
entre a comoção e o dedo acusador.
Mas como ninguém se salva, tudo bem.

na infância, e ainda, preferia ser um gato a uma flor. Já lhes contei o quanto gosto de malucos, chocolate, de camiseta branca... e que em círculos são incontáveis as minhas aspirações para R-EVOLUIR. Mas, se em inúmeras ocasiões não são precisas palavras, é também por causa delas que trememos.

**Há nesta exaustiva recolha de informação uma urgência em fixar o mundo, própria de quem ainda reserva para si alguma inocência**






31.8.11

Eat the pie or eat yourself.

 A história de nossos corações remendados
excendendo-se a si próprios
na iminência de um desastre
dar-te-ia de comer os meus fantasmas
ou então não temos outro remédio senão deixarmo-nos devorar sem testemunhas ilícitas. 
  






26.8.11

talvez por soar a algo exótico.

Calculo a distância da minha janela até ao chão da área da piscina do meu prédio. Um prédio de 21 andares, me encontro no décimo andar, calculo que estou a 29 metros da primeira e certeira colisão. Imagino o salto. Terei tempo suficiente para ser elegante, se elegância for alguma vez algo libertador. De olhos fechados, nos primeiros oitenta e cinco centésimos de segundo. Imediatamente depois desse tempo, iria começar a tomada de consciência do ato único e irreversível, do ponto de não retorno, toda a vida passando em flashes. E seria o momento onde começaria o grito - o medo. E no choque com a estrutura de pedras, o corpo nu, quebrado e rasgado, estirado numa estranha forma. A mancha de sangue escuro, por trás, vai aumentando lentamente o seu diâmetro, criando uma moldura visceral ao espectáculo grotesco. O cenário violento e brutal, agora vai tomando distância física e emocional do acontecimento...
 * Mas eu estou aqui em cima, a imaginar toda a trajetória em câmara lenta com um interesse puramente cinematográfico.


O suicídio físico parece drástico, catastrófico, difícil de entender, esquecer, perdoar, é perturbador.
O emocional também, a diferença é que não se vê .


17.8.11

as mortes dão frutos.

vou comprar um vestido simples e descomplicado para ir a Lua.
Como escafandro vou usar um aquário. 
Eu sei que me repito, mas é que sinto uma saudade que é
de esfolar,
irrespirável de colar à pele.
E o corpo explode duas vezes em proporções idênticas as que mastigo
a carne alheia.
Numa fina ironia, umas tantas risadas, e acabou-se, volto para casa. 

The rest is (fucked up) history.

13.8.11



Que a loucura, no fundo, é como tantas outras uma questão de maioria.*

Por princípio, a estupidez não segue regras. Há algum mérito nisso - não é assim tão fácil iludir a lógica. Onde a estupidez contacta com a loucura é nessa anarquia. O que as distingue é a consciência; mas o que as define é o olhar alheio. O problema - ou o encanto - está na dificuldade em traçar uma fronteira definitiva para cada um desses territórios. Há quem seja louco e passe por estúpido, há quem seja estúpido e passe por louco e há quem seja uma coisa ou outra e passe por nada. 

Alguns conceitos não deviam nunca ser conjugados no singular. E isso devia ser uma regra.


* Mário de Sá-Carneiro.

10.8.11

a julgar pela capa.

a obsce(sa)nidade saiu para arejar um bocadinho. 
Assim como o big bang, ela me causa vertigens, com suas explosões e o buraco negro, que parece engolir-me para que tudo renasça em uma perfeita simbiose temporal. 
Fugira em caráter de urgência. E mesmo com a correria, em delicadeza me deixou um bilhetinho colado ao espelho- como boa menina - que dizia assim:

'outro espaço, outra exigência'

passou uma semana. e mais um dia. passou? passou.


2.8.11

'E nada será teu senão um ir até onde não há onde'


Alguns olhares depois, 
e a boca já estava escaldada.
O solo fértil tecia pequenas delicadezas
de encontro imaginário.
Fundiam-se toda vez como pólen, abelha, zangão e baixarias
Se tinha lua, Se fazia dia
e a boca já escaldada pedia:
- (re)torna fantasia.
Na selva de pensamentos; Um tufão, um broto, um rio, lama, chuva, areia movediça.
E se me permitem todo esse palavreado colorido descascado- na natureza nada se cria.







22.7.11

i spoke high when i spoke love

quis vê-lo uma vez mais. uma última vez. outra última vez. e mais uma última vez. sendo necessária uma última última vez para que talvez a última vez em vê-lo não bastasse ser a última... diz quem a viu sair de lá, que vinha a sorrir.

18.7.11

para trás do hoje

amigos para sempre
continuo te amando
a flor é semente

para trás do hoje
a intenção
não usei da razão
um sonho
para trás do hoje
o hoje possível
o início da gente
para trás do hoje para frente

14.7.11

Quanto às pessoas,

não tenho coragem de observá-las de perto. Pressão, ruas e multidões. Boa acústica para dar risadas.

Tenho uma idéia: o meu mundo, compartilhado

a desmaranhar.

11.7.11



Debruçado na parede pintada de digitais femininas, você quer saber, quer saber insistentemente, se ela quer te fazer sofrer
só para te ver sentir.
- Inteiro demais.
os olhos dela pediram verbalmente
- Morde o que não sei o nome.
foi o que ela disse enquanto sentia seus pulsos envolvendo os quadris.
E se a cidade é cinza,
ela vai pro mundo.
- Vamos desconhecer um ao outro.
até.

5.7.11

(..)essa é a história da minha neurose incendiária,
estando em chamas, incendeio os outros(...)



Por favor,
todos sentados
respiração suspensa

Como eu sempre desejei
sentir a vida em cada célula.

Essa textura irreal
Por vezes
trouxe-me um efeito hilariante
Contudo,
sem nenhuma espécie de controle
embebi-me de humor
numa acústica perfeita para as risadas.

A vida é um jogo de dardos, um teatro sem ensaio
e antes mesmo da cortina subir
Vi meus desejos saciados,
minhas necessidades adivinhadas

 Minha imaginação está livre
Sou eu mesma.

E mais uma vez,
Por favor,
todos sentados
Respiração suspensa.

27.6.11

- ups!
e quase se foi mais uma borboleta que saracoteava em seu estômago.

Luiza coleciona esse tipo de borboletas.  Mesmo sabendo que a fantasia dura o momento exato de um intervalo – até que apareça novo entretenimento.
 Ela as mantém a pouca distância de um dedo na boca, afim de sentir o gostinho de cada uma em sua saliva. Por isso, volta e meia acontecia essa pequena tragédia de uma partir em liberdade voada. Luiza gosta demais de cada uma delas, alimenta-as de fantasias nos seus mais súbitos momentos de levar o gatilho à boca. Mas o que ninguem imagina é que dentre todas, Luiza tem uma preferida, que com sorte, continuará por dentro, um passo atrás da novidade.

17.6.11

algumas náuseas depois,

pois-se a desiludir o passado que pretendia retornar presente naquele dia. A primeira cena baseava-se em animais comendo, sentimento nascendo...Tudo nu e cru em pedaços. Pedaços mal passados, pedaços daquela história que eram ruminados aos brindes. E mesmo possuíndo nada mais do que alguns segredos e um simples desejo, ele revirava-me do princípio. E minha boca beijava e mastigava meus sentimentos numa ressaca imortal de tudo o que eu vivera até ali. Era crucial, sabe, lembrar com alegria e tornar tudo abstrato como havia sido no início, e o que conseguimos decerto, foi aumentar nossa lista de pecados.
todos meus pequenos anseios podem sobreviver. todos esses amores podem morrer um dia - e eu quase me esqueci disso.

14.6.11

ininterruptamente
nada sai da minha mente
queria lançar na sua parede
meu lanche da tarde
minhas idéias noturnas
o chá verde diário
porque raios nada sai da embalagem?
nada sai da embalagem
nada sai.

viu?

...e os sussurros do cigarro caem densos e vagarosos, unidos à garoa e ao tempo do inverno que assopra o vento.

11.6.11

rabiscado em 26/04/2010

e continuo eu escrevendo essa história. Pulando linhas, errando palavras, esquecendo títulos. Muitas para deixar registrado, outras para reler, algumas tantas para preencher vazios de certa maneira e deixar tangível a minha existência. E principalmente para poder amassar o papel e jogar no lixo, quando eu bem entender.

2.6.11

'Não sabia separar a alma do corpo. Se me despir, fico com o meu coração a nú :
A mulher tem fome e quer comer; sede, e quer beber.
Está com o cio e quer ser fornicada.
O grande mérito!
A mulher é natural, isto é, abominável.'
Baudelaire




Tenho direito a traduções de má escritora que sou.
e de tão sérias que são, não poderiam ser ditas, nem pensadas, nem sonhadas..
Confesso-as.
Precipito-as.
Precipício-as
Numa forma de oração ao meu imenso catálogo de visões des-torcidas sobre aquilo que já vem-me pronto.
e sempre, acho que me perdi
mais ou menos, por alí
onde os gatos não são proibidos.



29.5.11

no meu arquivo zombie, se Kubrick filmasse a versão feminina do Laranja Mecânica, a protagonista poderia ser... bom, deixou há muito de ser um poema... e já é um livro não escrito imenso e mais profundo e além de toda... no fundo, qualquer coisa é pretexto para se abrir o peito ao mundo... admite o gozo de voltar atrás e se... entretanto, tanto você pode negar.. e o tempo, muito tempo, pode não medir... Percebes que isso é um beijo?


25.5.11

Primeiro, um mergulho de emergência.

e quando tudo volta a mais perfeita ordem
de súbito tudo torna à seu lugar de origem
não era de se assustar que [obs]cena seria seu trajeto sobre a normalidade aparente e pedante daquilo que ao final havia se perdido.
- converter-se a própria pele sem se habituar às histórias.
 Era a-moral da tal narrativa.


e ela gosta de histórias sem moral mesmo.
diga que compreende, mas pode ser que ela não ligue,
 vírgula é a palavra mais bonita por aqui hoje.

14.5.11

suas pernas tremeram
e sua ansiedade foi tamanha
que disse 'obrigada!' à máquina de café.

Eles,

eram mais dois perdidos no mundo.
ela gostava de barba. bom, ele gostava que ela gostava de barba. eles não se conheciam. assim como aquele casal vizinho, que está junto à vinte anos.

- opa!
- opa! as vezes dou uma pinta por aqui.
- hum sim! eu tô sempre
- escolhas. rs. me conta tudo.
- não é a melhor coisa do mundo ficar aqui. é uma escolha..  e pode ser a única, pelo menos agora.
- é verdade.. e pode ser a melhor coisa aqui, ficar no mundo agora...escolha... ah, se eu fosse homem teria uma barba como a sua.
- jura? é boa?
- é boa...., de boa, na boa.
- que bom, tá bom, pois bem.
- gosto disso. músico?
- musico ator, ator musico..não sei
- nem precisa, a gente acaba sendo um bocado de coisa.
- verdade. mas deixo por conta de quem acompanha, sabe..nao sei definir algumas coisas pra nao limita-las, entende?
- entendo. tenho problemas com rótulos tb, até gosto quando vem com uma garrafa de vidro verde %¨&*e tal....desculpa, meu teclado.
- magina.
- magino, tudo e muito. rs
- hahaha vc é boa.. muito boa! na boa.
- na boa, sou é gostosa mesmo. hahaha
- é, isso eu preciso dizer ou digitar por enquanto né...na boa.
- é..a proximidade aqui é inversa.
- nos afasta tanto que sentimos juntos, é bom e ruim.. sei lá
- sim, como a vida... sabia que quando te vi pensei: Olha, planetas vizinhos!
- é energia? das boas, eu sei!
- mágico!
- eu gosto!
- eu tb gosto...gosto de muita coisa!
- eu sabia que vc era boa!.. e eu gosto.
- gostosa! aff..
- bastante, vc até escreve como gostosa!
- adorei o elogio! hahaha
- não é.. e vou te contar, eu to conversando contigo vendo suas fotos não é doido*
- doido é bom, assim de barba.
- já prometo que vou praí de barba.

... e foram felizes para todo um frame.

9.5.11

pensou melhor. depois sorriu quando lhe disseram que a vida era um livro escrito especialmente para ela. bom, mais trinta e dois passos para o lado errado, um narrador cansado, uns poucos leitores entediados e um chocolate ali. à mão. [eles tinham razão]

amor à primeira ervilha (o mundo é uma ervilha?)

na esquina do mundo
menos 27 suspiros profundos
e o abraço fora inventado com 4 braços
não sei de você
mas não devo mais nada agora. só a mim, a vida que mereço
e devolva-me os braços que ficaram agarrados em suas costas
naquele 'para sempre'.
virando a página
Fim
da primeira parte.

7.5.11

e quando eu te encontrar de novo
vou fingir que respiro.

Quer brincar comigo?

'desabotoa o peito devagar. um a um, os botões, a pele, o osso que se descobre transparente, transpirado, transponível. desabotoa devagar o peito e escuta. chove todos os dias ali.'

Agora,
vamos trocar de pele?
Pegue. Pára. Sentes?
escuta teu peito a pulsar o meu.
Então, essa sou eu.

2.5.11

Talvez um dia eu seja completamente zen, daí eu mude para Meninas são Songas e Mongas.

[pra ilustrar]


1.5.11

We might die from medication but we sure killed all the pain.


Ingenuidade se ver livre do buraco no peito
buraco, fosso, cratera
Denso.
Mas há remédio que alivia a dor
Vicia.
O paliativo amor do outro.
Respira... pronto tudo normal outra vez.



27.4.11

do pão para a boca:


«só uma raça que possui um tempo de vida breve pode sentir a ilusão de que o amor é eterno.»


somos feitos de bugigangas e casamentos.

Nesse exato momento sou alguns incensos, dois ovos e 1/2 de páscoa semi-abertos, uma garrafa de vodka, 33 livros à mão, uma notinha de supermercado rasgada, fotos no frigobar, a faísca de um isqueiro bic, uma gaveta cheia de rebeldia, um anel de pedra turqueza e algumas idéias no pensamento... Mas meus casamentos foram os que me fizeram chegar no que sou. Me lembro do meu primeiro casamento, de comum acordo, com o Pão molhado no leite, durou anos matinais. Lembro do seu cheiro acalentador e de ele estar simplesmente ali, ao acordar, nos meus mínimos níveis de suporte de vida.
 E desde então me vi casando e descasando inúmeras vezes. Porque a gente casa, né mesmo? Casa com o vizinho, com a cerca do vizinho, com o elevador do prédio, algumas vezes com a escada. Casa com aquele vestido lindo, com o carro dos sonhos, a casa. Arranja casamento na cantina do colégio, na academia, com a fatia daquele quiche do natural da esquina. Casa com a praia, com o trabalho, com os planos de viagem. Casa com os filhos, com os amigos, com os amigos dos filhos, com aquele livro. Já me peguei de casamento marcado com botas, com lençois de 800 fios, com a bolsa da hora. E juntei os trapos sem cerimônia com cachorros, seriados, novelas, miniséries e com aquele gato que virou sapo.
 No meu currículo matrimonial, a faculdade deixou saudade, alguns discos foram muito amados, aquele anel do Antonio Bernardo, e o cheirinho do colo da minha mãe ficou marcado. Ideais anulados, padrões quebrados, já fui casada até com uma árvore de abacate (abacateiro?).
Meus casamentos sempre foram pomposos, uns relâmpagos outros notórios. Me lembro de ser par de agenda que dizia tudo o que eu não dizia e de uns certos brincos, que quando eu os colocava, me sentia. Fui casada com algumas certezas, muitas histórias, um jeans que vestia como uma luva, portas, janelas, sonhos, pai, mãe, irmãos e sogra. Casei com certos problemas, algumas dúvidas, com poucas mentiras, bons vinhos, a Barbecue Pringles.......
 Hoje, sigo casada com a chuva do lado de fora.

19.4.11

Receita para se livrar da auto-ajuda


Poderia dizer bem baixinho que acho qualquer tipo de leitura de auto-ajuda um coice. Mas eu não sei falar baixinho, ou melhor, só o falo quando o acordo é ortográfico. Bom, e sei tambem que se eu não tomar um certo cuidado com o que vou escrever, posso cair no lugar-comum, numa quase receita da Ana Maria Braga. Mas desta vez, que se dane! Volto ao velho e bom texto de carnes humanas cortadas em fatias para que possamos melhor entende-las. Porque é lá onde se dá o encontro fatal, onde se é possível penetrar no lacro instante em que as cópias se fazem e se multiplicam, ou seria se dividem? (suspiro) Tomo um gole de café e digo mais uma vez, quer dizer, desta vez eu só penso 'Danem-se os objetivos!'. Agora que já comecei a falar, então vou falar do jeito que der. Sem aquela ladainha xarope de poesia de 5o categoria. Porque encontrar prazer na imbecilidade da auto-ajuda....aff. Eu sei, que lembra aqueles textos que te aplicaram de metafísica, quando você ainda tentava encontrar um sentido em 'Quem somos nós'. Mas amorzinho, enquanto você vive enclausurado no silêncio destes livros, que levam uma profusão de sentimentos a lugar nenhum. Eu sigo no prazer de sentir meus medos funcionarem desarticulados, sem soluções padrão aparente.
Então, você, com algum esforço, chega no segundo parágrafo do último capítulo, ávido para seguir a história...   quando meto um tiro no meu coração.




.

14.4.11

e escreveu um monte de bobagens
naquele papel reciclado, que era uma bobagem tentar escrever
e deixou em cima daquela mesa que foi uma bobagem a gente comprar
e pensei na tamanha bobagem que tinha sido aquela relação
na bobagem do tempo perdido
na bobagem que foi me apaixonar
e logo em seguida, naquela minha boba choradeira,
lembrei feito uma boba do dia em que nos conhecemos
do bobo olhar dele, e do meu bobo aceno
até que percebi quanta bobeira nós demos
em tão pequenas e bobas situações
nossos bobos sonhos estavam caindo na bobagem do momento
bobear com o coração é um tormento
e lá estava eu, mais boba do que nunca..
repensando nas bobagens que a gente faz nessa vida
e nas chances que a gente tem de não dar bobeira
mas, se é pra ser boba, que seja de amor, não é o que dizem os bobos poetas?
E foi assim,
 sem bobear nos sentimentos
que desculpei aquele bobo, mais uma vez,
e salvei aquela bobagem que chamam casamento.

olha o aviãozinho!

Arranque as asas, os olhos, os miúdos e os reserve, para que sejam servidos frescos e ainda pulsando como aperitivo. O resto deixe marinar até que esteja pronto para o banho maria. Escalde a carne já sem essência.


Molho Pra Curar:
O famoso A entrega Sem Entrega. -iguaria raríssima (fora de catálogo)
Sirva-se em ponto de bala, antes de passar do ponto. Ou, se o espírito for livre, passe na brasa e à gosto no Salt Ar.
 

6.4.11

naquele instante
porcelana
pequenos cacos
meu
mundo secreto
revisito fragmentos
corte afiado
desígnio certo
- Fragile -
lê o pensamento



Valente.

3.4.11

autor desconhecido

Cartas de amor- vossos confessionários.
o roteiro:
As folhas eu tingí com meu sangue bem diluído, pra parecer papiro... Te mando com uma flor pequenina de cor carmim, de pétalas aveludadas, ela chega quase viva ainda, dentro do envelope. Vai solta no canto direito da primeira página, acho que a machuco menos assim.

Sem selar, passo-a por debaixo da sua porta, toco a campainha e fujo. Que acontece, que nunca cresço?

Você significa minha permissão.
o conteúdo:
"Te permito meu bem.. tudo o que quiser. Te permito não crescer, envaidecer, enlouquecer. Te permito me escrever cartinha de amor, abrir teu relicário de confissões, abre menina.. também me alimento disso. Só não permito que se entregue, nem a mim nem a outro, vez que eu não quero nem mereço. Minha alma não está disponível à sua salvação" .
a recíproca:
-- Nem a minha.

1.4.11

*não entres tão depressa nessa noite escura.
- mas eu vou.
urgência de bom dia ao pé do ouvido.

átomos à parte, eu ainda me encanto.

Toda vez que olho pro céu, é como se eu estivesse olhando para o passado. Do ponto em que me encontro, esses minúsculos brilhantes me remetem aonde tudo teve início. E aquilo que não compreendo, porventura, causa-me uma danada curiosidade. Um vasculhar de idéias e hipóteses experimentadas pela minha poética ciência. E num piscar, o que era fantasia torna-se o condutor da magnífica história de onde viemos, do que somos feitos, pra onde regressaremos.  E toda essa imensidão que me arremata, é tão mágica, tão mágica, que ironicamente percebo que é nas nossas limitações, numa certa forma de ignorância, que reside a nossa capacidade de encantamento.

'as coisas muito claras me noturnam'
Manoel de Barros

28.3.11

tempo de arriscar.


antes de mais nada fui me apresentar,
 ele me chamara atenção, segurando aquele instrumento com tamanha precisão:
- Não, eu não sou daqui moço. Sou,
de um lugar onde ainda
se vê o céu escurecer sem pressa, sem planos, sem gasolina no tanque.
É um lugar assim, meio devagar, onde a sensação de vida vai subindo pelas pernas, deixando arrepios em seus calcanhares.. um lugar que inadiavelmente, ainda  sobra tempo para enxergar para dentro.
E eu gostaria de te ver tirando notas musicais daqui.

26.3.11


aquilo que a gente deseja
torna-se morno
ao prosseguir.
Fadados ao morno, eu diria,
não temos como fugir.
Seguir novo desejo a cada esquina
pode ser hábito, fuga, palavrão,
 Sina.

19.3.11

Bang Bang (my baby shot me down)

ontem era um minúsculo ponto preto. Hoje não estanca. e dentro dele, todas as coisas acompanhando essa respiração. respirando com o universo, a noite é semelhante ao corpo afundado no breu....e há uma aprendizagem fundamental em se ser mínimo - poder de fato dizer tanto mais,  aprendendo a falar um pouco menos.




não, agora não há mais palavras, baby.

18.3.11

Provavelmente porque
 não tenho vocação para sentimento incontido,
nem para meio-termo de nada.
E não tenho medo do escuro.
Provavelmente porque
uso sangue suficiente para estourar
e derramo uma quantidade intensa de
minhas peculiaridades 
Provavelmente porque
jorro meus pensamentos inadequadamente imensos
com ares de fogo
E não tenho medo de virar cinza
nem de queimar
que sou uma erupção.

em seguida o vento assopra..

16.3.11

dos que escrevi em 2010.

um dia na vida de uma pessoa.



uma pessoa passeia com uma televisão. a pessoa senta-se na cadeira de um ônibus e senta a televisão numa das cadeiras ao seu lado. depois a pessoa levanta e continua a passear com a televisão até que se senta no banco de um lindo jardim e senta também a televisão nesse banco. depois a pessoa regressa a casa, cansada, com a televisão e deita-a na cama onde se deita também, carinhosamente. então a pessoa adormece de frente para a tela da televisão e tem sonhos em preto e branco.

15.3.11

Se eu fosse menos nuvem
Menos tormenta,
Você meu Sol-dado.

um monte de cinzas

A física dos dois corpos num espaço pequeno e tumultuado de pessoas, e vai ser assim, nós vamos nos olhar e engolir aquela vontade de ocuparmos o tamanho de um só no espaço.
Coração, em todos os lados. Vou me virar pra acompanhar os convidados. Rodo, rodo, rodo e paro em você.Direção contrária nessa arquitetura dispersa de exposições contemporâneas num dia de março.

a festa tá quase no fim e minha cintura com ciúmes de você.

10.3.11

dádiva oral-niilista

Os mais próximos sabem (refiro-me à distância de cadeiras de uma mesa de bar) que sou capaz de direcionar assuntos sobre o nada que levem à lugar nenhum espetacularmente por horas a fio. Devo dizer que  a minha vontade de esfregar meu desapego social na cara de todo mundo já foi imensamente maior, até porque acho tão emo toda essa histeria, e convenhamos nem possuída pelo dêmo eu seria um deles. Ao longo dos anos desenvolvi um sistema criativo de dar fora sem partir corações, e te garanto que isso é o mais próximo que enxergo em mim um tal grau de evolução. Continuo com a mesma mania deliciosa de mandar sinais e mudá-los tão rapidamente, sem que os primeiros sequer sejam entendidos. E de passar dias sem que ninguem me ache. As vezes finjo que sou invisível, as vezes uma rosa, as vezes seguro uma placa 'vamos sair e encher a cara' e as vezes eu só quero dizer docemente: “Se você ultrapassar o espaço de meio metro que eu preciso para organizar meus pensamentos, eu provavelmente pularei na sua jugular e arrancarei um pedaço dela com os meus dentes”. Mas na maioria dos meus assuntos vou admitir que o que se pode encontrar, mesmo que em código morse é o seguinte: Estão  prontos?

gosto de Des-desnudar crenças.



3.3.11

até raiar.

São 20:00h de carnaval,
abro meu baú de fantasias condensadas para provar qual ainda me veste. Será que nada mais cabe na sintonia do meu baticubum? -Tenho um punhado de purpurina por aqui! - grita uma melindrosa amassada no fundo. Remexo naquela poeira colorida os vestígios das máscaras de toda uma vida. E decido: Vou de purpurina e pé na lama.

Combina com nu.

26.2.11

I just don't know what to do with myself



       I just don't know what to do with myself


I just don't know what to do with myself



Like a summer rose
Needs the sun and rain
...
To beat love away

21.2.11

Daí,

vem toda aquela pluralidade, que te faz sentir diferente e que você nem sabe explicar o que é. E enfiar tudo na cabeça, seria mentira, seria não viver. Então você abre os braços, como a quem pede para sentir mais perto, e diz meia duzia de palavras curtas pra não perder a hora da coisa toda começar. E a vontade, que nem tamanho tem, é o suficiente.

15.2.11

como aqueles desenhos no tapete

minha identidade oceânica encontrou terras naquele violão. Vejo-me rodeada de ilhas e versos assim, despejados e despojados de um sentido metafísico, encontrando outros sentidos, que vão além do prazer da música e do pé no chão. E como não desejo encontrar sentido em todas as coisas...Gosto da ideia da busca, da incerteza de um caminho certo, da incerteza de uma saída. E gosto dos passos e principalmente dos caminhos que se cruzam.

mesmo que em círculos.

9.2.11

todo o humano (parece) tão demasiadamente.

gosto de um simples não
procuro um rebuscado sim
*****
gosto de um simples sim
procuro um rebuscado não
****
gosto do simples
procuro o rebuscado
***
simples
e rebuscado
**
gosto
e procuro
*
sim
e não 

e vislumbro uma moeda jogada na fonte dos desejos
 e um só pedido a ser feito
na face ou no ornamento que nos enfeita a cabeça
nem sempre o que passa dá direito ao sorriso
nem sempre o que fica dá vontade ao abraço
só não quero
em ligeiro serviço
sobrar por falta
 de abrigo
em tamanha brejeira vida.


7.2.11

e mais uma vez, meu abismo me deixa experimentar uma oferta matreira que a realidade cisma em fragmentar em laticínios, capitalismo, canibalismo. Me atirei obediente a lamber com devoção. A minha fome não (a)mansa ao sibilar dos lábios-latrina, faminta por atenção. Relembre-me daquela vez que te deixei na gaveta junto aos papéis em que faço obra e retrato daquilo que vejo. Con-siga-me um dejá vu do seu discurso manjado, que exageros meus, você grita. Mas vivemos tempos lamentáveis arranjados em discursos publicitários bonitinhos. Que esse emaranhado supérfluo de vontades, só me deixa mais na sua.


Agora, ouça essa história, quero te contar...
venha, volte para o jardim secreto.

3.2.11

Não te perdôo
não me perdôo
 nos
perdemos.


as pessoas são previsíveis, honey.



e a vida insiste em levar embora alguns trechos desse poema
...

28.1.11

Hora boa para desabotoar o primeiro botão do vestido de flores

Parece que eu estou o tempo todo te provocando, mas, querido, é você que me coloca em cima da mesa para te olhar mais perto. Pouco espaço para tanta vontade de voar. Diz pra mim, baby, que a sua necessidade de me ter entre os dentes e me tornar uma cobaia fundamentada entre essas quatro paredes é o que vai te levar além. Suspende a vodka. O café da manha é todo seu.

e te dou mais um motivo para enlouquecermos juntos.

25.1.11

coração passado a limpo
folha em branco
tome nota;
Poço, pedra, torre, castelo, jardim.

Tenho aprendido a ser-me. ou algo assim.





ao amigo Lucciano Bastos,
 que se emocionava com paisagens pintadas.

21.1.11

Quando ele segurou meu braço no corredor das verduras no mercado, tive a impressão de que aquele estranho me conhecia. Da sola do meu pé ao gosto daquela saudade, moço.
- Michelle é você? Meu deus é você mesmo, menina!
Diante daqueles olhos e daquela intimidade enluarada, eu me calei para não falar: - Só por fora ainda sou aquela Michelle. Talvez.
Não queria tirar-lhe toda aquela vontade de invasão. Sou daquelas pessoas que carecem do arrepio da vida e de palma da mão. Sem romantismos de 1,99 e ladainhas burguesas, me deixei levar despida de pai-mãe-credo..
 E mesmo sabendo que deveria (sobre tal língua abjeta) meu solado sujo fazer limpo. Coisa boa se deu. me reencontrei, tal fora. tal dentro.



Se puder, volta pra me salvar no próximo domingo tambem.

17.1.11

pinto os olhos pra combinar com você

 Depois da concentração perdida
Os pés no chão gelado
Um milhão de rosas dentro da caneca sobre a mesa
e eu colocava a mão sobre o peito insistentemente e tinha o coração inteiro entre os meus dedos.
- Ou me abraço, ou me largo..

era amor
 uma caneca de café, açúcar e o velho rock.

carne exposta para que ele acaricie.
Arranque todas as minhas dermes
me lamba todos os vãos, me morda as sobras
e por fim me engula.

esqueci de me apresentar, Michelle.

11.1.11

tea for two.

escrever-lhe a carta a esta altura não fazia mais sentido.
era mais contundente jogar-lhe uma bola de papel no meio da testa,
do que me arrastar em meia dúzia de linhas
que se perderiam no caminho
traçado.
lembrei-me agora da traça, que adora um papel de
 preferência com histórias comoventes
pra não serem passadas adiante.
Paralizo.
essa minha tranquilidade pagã à espera do
bandido
atrás do muro das caretices escondidas
 pichadas no alto pra
 não serem agarradas e confrontadas de
 frente.
Que me arranque os últimos instantes dessa minha
 vontade quente nessas horas que
 me negam......................
Gostas de chá, principe? - ironicaMENTE.

7.1.11

sede ao oceano.

Que sejamos, até o final, retratos do momento que durou um segundo antes de você abrir a porta e eu abrir a boca. Pois aquela verdade dita à dentes foi oque nos fez alterar todo o rumo. Um à deriva e o outro a beira de.

e que essa longa distância filmada
se perca no
pulo.

(desejo infinito)

1.1.11

Abro os olhos lentamente
enquanto escrevo por aqui sem os fatais coraçõezinhos rosas e fofinhos. Fixamente me ponho a despedaçar com os dedos tudo o que passou por mim e deixou suas marcas. Ainda carrego comigo cicatrizes urbanas de um mundo que acontece ao redor de minhas falhas. Mas nada me sangra mais do que orgulho, que ferozmente encharca meu fígado de expectativas redundantes e não processadas. Vou me indo entre palavrões e a libido, sussurrando meus sonhos desinibidos de menina na ressaca.
E então ficamos assim; meus olhos demaquilados, claros, limpos em cima destas caixas de cítricas lembranças atemporais.





aberta a temporada de 2011 das minhas firulas intempestivas no blog Meninas são Bruxas e Fadas.