Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

28.3.11

tempo de arriscar.


antes de mais nada fui me apresentar,
 ele me chamara atenção, segurando aquele instrumento com tamanha precisão:
- Não, eu não sou daqui moço. Sou,
de um lugar onde ainda
se vê o céu escurecer sem pressa, sem planos, sem gasolina no tanque.
É um lugar assim, meio devagar, onde a sensação de vida vai subindo pelas pernas, deixando arrepios em seus calcanhares.. um lugar que inadiavelmente, ainda  sobra tempo para enxergar para dentro.
E eu gostaria de te ver tirando notas musicais daqui.

26.3.11


aquilo que a gente deseja
torna-se morno
ao prosseguir.
Fadados ao morno, eu diria,
não temos como fugir.
Seguir novo desejo a cada esquina
pode ser hábito, fuga, palavrão,
 Sina.

19.3.11

Bang Bang (my baby shot me down)

ontem era um minúsculo ponto preto. Hoje não estanca. e dentro dele, todas as coisas acompanhando essa respiração. respirando com o universo, a noite é semelhante ao corpo afundado no breu....e há uma aprendizagem fundamental em se ser mínimo - poder de fato dizer tanto mais,  aprendendo a falar um pouco menos.




não, agora não há mais palavras, baby.

18.3.11

Provavelmente porque
 não tenho vocação para sentimento incontido,
nem para meio-termo de nada.
E não tenho medo do escuro.
Provavelmente porque
uso sangue suficiente para estourar
e derramo uma quantidade intensa de
minhas peculiaridades 
Provavelmente porque
jorro meus pensamentos inadequadamente imensos
com ares de fogo
E não tenho medo de virar cinza
nem de queimar
que sou uma erupção.

em seguida o vento assopra..

16.3.11

dos que escrevi em 2010.

um dia na vida de uma pessoa.



uma pessoa passeia com uma televisão. a pessoa senta-se na cadeira de um ônibus e senta a televisão numa das cadeiras ao seu lado. depois a pessoa levanta e continua a passear com a televisão até que se senta no banco de um lindo jardim e senta também a televisão nesse banco. depois a pessoa regressa a casa, cansada, com a televisão e deita-a na cama onde se deita também, carinhosamente. então a pessoa adormece de frente para a tela da televisão e tem sonhos em preto e branco.

15.3.11

Se eu fosse menos nuvem
Menos tormenta,
Você meu Sol-dado.

um monte de cinzas

A física dos dois corpos num espaço pequeno e tumultuado de pessoas, e vai ser assim, nós vamos nos olhar e engolir aquela vontade de ocuparmos o tamanho de um só no espaço.
Coração, em todos os lados. Vou me virar pra acompanhar os convidados. Rodo, rodo, rodo e paro em você.Direção contrária nessa arquitetura dispersa de exposições contemporâneas num dia de março.

a festa tá quase no fim e minha cintura com ciúmes de você.

10.3.11

dádiva oral-niilista

Os mais próximos sabem (refiro-me à distância de cadeiras de uma mesa de bar) que sou capaz de direcionar assuntos sobre o nada que levem à lugar nenhum espetacularmente por horas a fio. Devo dizer que  a minha vontade de esfregar meu desapego social na cara de todo mundo já foi imensamente maior, até porque acho tão emo toda essa histeria, e convenhamos nem possuída pelo dêmo eu seria um deles. Ao longo dos anos desenvolvi um sistema criativo de dar fora sem partir corações, e te garanto que isso é o mais próximo que enxergo em mim um tal grau de evolução. Continuo com a mesma mania deliciosa de mandar sinais e mudá-los tão rapidamente, sem que os primeiros sequer sejam entendidos. E de passar dias sem que ninguem me ache. As vezes finjo que sou invisível, as vezes uma rosa, as vezes seguro uma placa 'vamos sair e encher a cara' e as vezes eu só quero dizer docemente: “Se você ultrapassar o espaço de meio metro que eu preciso para organizar meus pensamentos, eu provavelmente pularei na sua jugular e arrancarei um pedaço dela com os meus dentes”. Mas na maioria dos meus assuntos vou admitir que o que se pode encontrar, mesmo que em código morse é o seguinte: Estão  prontos?

gosto de Des-desnudar crenças.



3.3.11

até raiar.

São 20:00h de carnaval,
abro meu baú de fantasias condensadas para provar qual ainda me veste. Será que nada mais cabe na sintonia do meu baticubum? -Tenho um punhado de purpurina por aqui! - grita uma melindrosa amassada no fundo. Remexo naquela poeira colorida os vestígios das máscaras de toda uma vida. E decido: Vou de purpurina e pé na lama.

Combina com nu.