Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

30.10.10

confesso.

confesso meu atrevimento em face do engodo disfarçado coletivo. Sábia menina, já sabia o que queria. Ah, se todos  soubessem o saber do que ela queria. engodo usavam fácil na vida. Barreira ela não tinha. Mantinha o alado quando o detinha. Ah, se todos soubessem o querer do que ela sabia.

28.10.10

e para o bloqueio espacial promovido pelos E.T.s,
por aqui,
quem sabe, descalço a ti.
(agora, Neruda perdeu as botas)
Porque se poesia fosse crise, baby
 Nietzsche
seria nada além
 de um descontrole
emocional. 







encontrei isso quando caí na toca do coelho

O amor quando se revela
Não se sabe revelar
Sabe bem olhar pra ela
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar

Mas quem sente muito cala
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala
Fica só inteiramente.

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar
Já não terei que contar-lhe
Porque lhe estou a falar.

Fernando Pessoa

as nossas sensações são a única realidade que nos resta. é a única ciência que satifaz.



The  End  Begining

26.10.10

(Des)comporte-se
enquanto
(De)liberada(mente)
ainda
me (im)porto

vale tudo

essa história começa de coração virgem. apaixonada como uma virgem da novela das seis.

e termina desvirtuada
suada
de unhas vermelhas
quebradas
falida, como a vilã das oito.

(corta)

a paixão nos vende barato.


24.10.10

faço rock'n roll com pernas, letras e destinos.
(aumenta o som)

e que a utopia dos meus desejos me façam cometer deslizes.

Estou descalça.

diante da extrema urgência daquilo que sinto e nem sei dimensionar.
 Sou presa fácil do que pulsa. E estou aqui descalça e de pulsos abertos para que jorrem todos os meus sentimentos enquanto sinto nos pés o peso que a gravidade tem. São todas essas coisas feias e bonitas que falo, e quero ver anotadas nesses muros caretas que escondem a covardia dos que não sabem o que fazer com o que sentem. Te provoco maliciosamente pra deixar marcado como vinho tinto na lingua da gente. Quero atingir a profundidade de espaços impenetráveis, pra ver como fica essa cara de espanto e assim instigá-los a criar novas estruturas pra expor o que se passa por dentro. Pausadamente, aguardo você gritar seus palavrões mais feios, sem receio.

Adeus tristeza, que me arranha a alma. nesse exato momento estou sorrindo.

21.10.10

ora mentiras lavadas. ora mentiras deslavadas.

Uma história sem pé nem cabeça

No telefone os números discados continuam mudos.
e mais uma vez sangram feridas que não cicatrizam. Chegue mais perto, desamor, grite coisas que eu nem sei sentir. Venha dor inevitável! Porque amanhã ou depois tudo e meus pequenos anseios irão sobreviver. E  enfim,  poderei cantar todas estas canções que você insiste em dizer que não conheço.
Mato-me, mas renasço.
e ele vai voltar pra casa com a mesma cara, o mesmo gosto, o mesmo cheiro, a mesma pele, o frio, o sono, a solidão.
Vai tirar o maço de cigarro da calça e jogar no lixo antes de entrar. Pra ninguém pensar: Esse cara precisa de amor.

19.10.10

pequeno texto escrito em junho que serve pra jul, agost, set...

concreto
e resolvi emoldurar todos meus desvios.
Já era tarde da noite e minha vontade, que seja feita, foi sem demora executada. E em plásticos os emoldurei herméticamente, desvios meus na parede.

13.10.10

Fogo!

meu querer é anatômico, que eu espero encaixe e não desejo perder mais.




















{até que as vezes perde sentido e vira pedra de pequeno afeto}
se eu desaparecer, meu bem
desespere não
tô por aí no vendaval
na contramão
em alguma nuvem
frase, conto
 pé no chão
só não espere carta
bilhete, informação
sou dessa gente moderna
 que mesmo longe
dispersa
acredita
fulminantemente
no que tá no coração.


"Somos todos anjos de uma asa só
é preciso nos abraçar para voar."
Mário Quintana



8.10.10




...e foi coração pra tudo quanto é lado.

naquele instante o eixo do meu corpo transbordou
 e me vi abstrato. Era crucial, sabe?
amar o que sou, ressaca e alagamentos emocionais.
Baby, ainda estou decifrando algumas partes.

era verde demais pra estar pronta pra morrer.

6.10.10

cheia de graça

Aos domingos eu sinto falta de ar.

mas de uma hora pra outra essa falta começou a me atacar segunda, terça, quarta, quinta, sexta e também aos sábados. Então numa sequência rápida de decisão resolvi ir embora. Thau, fui. Tô partindo, abandonando tudo.
Deixo pra trás uma gente medíocre, que censura, de uma hipocrisia monocromática que devora os meus pulmões. Deixo pra trás uns sonhos perdidos, frustações, seres ridículos e limitados, a covardia e algumas manias. Deixo pra trás perguntas sem respostas e respostas sem sentido. Deixo pra trás alguns vestidos, falsos sorrisos, falsos amigos e uma porrada de erros. Deixo pra trás um punhado de expectativas e falsos moralismos. Deixo pra trás pessoas que deveria ter deixado partir, tristezas que eu deveria ter deixado chorar e as dúvidas. Deixo pra trás as eternas dúvidas.
Quero uma mala pequena. Uma nova etapa, uma nova história e pouca memória.


'Assim digo a vocês, se vocês não mudarem e ficarem parecidos com crianças, como esta,
vocês não vão entrar no reino dos céus.'
(Jesus Cristo)


.

4.10.10

o vinho pergunta

e eu respondo:
- anseio hoje pela variação do meu ultimamente.
quero sempre saber o que está por trás de um coração que bate
 no exercício de ser destemida em mim
aprecio meu reflexo no outro

também


Ah...sim, ainda amo você.

Querido diário

Segunda-feira:
Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo

Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro





Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas, barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo





Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos





Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)



Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres





Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas dos metrôs nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho..

-cazuza-

3.10.10

tenho sempre a vontade de nunca abrir mão de chorar aos montes.

vontade de abraço apertado
de beijo demorado
de dizer que tá tudo errado
vontade de vinho gelado
de entrar no compasso
beber no gargalo
de me jogar nos seus braços
vontade de sumir do mapa
somar as palavras
 te arrancar das baladas
vontade de rodar a baiana
encher a lata de cana
 me jogar na cama
de ser uma dama
e de fazer muito drama
vontade de dizer não
gritar palavrão
de dizer sim pra tudo que vir
de me jogar no mundo
e te fazer sentir meu gosto profundo
vontade de te fazer prisioneiro
te libertar o ano inteiro
só pra te dar mais vontade de sentir meu cheiro
e é essa vontade que nunca se acaba
que me faz morada
e me deixa à vontade no corpo em que está.


Mais tarde a gente fala
Agora a gente (se) olha.



1.10.10

não. dessa vez não é Camões.

Então, vamos falar de amor.
Não o amor de Camões, que é ferida que dói e não se sente. Quero falar do amor que te faz perder o controle, depender do outro, doer por inteiro, se sentir corpo, vísceras, intestino. Não é o tipo de amor que você ama, mas é aquele que não tem como escapar e que te faz ter as melhores histórias pra contar. Amor de guerra, onde seu corpo é domínio tomado, território de toques e palavras que soam como canhões direto ao corpulento pulsante. Espaço invadido por soldados rosados bandeira adentro. E você fica sem saber se isso é amor pra valer ou tesão absoluto!
 Porque o processo também é químico, físico, biológico e até mesmo psíquico, contagioso e transferido de uma pessoa para outra como o bocejo, um vírus letal, uma gargalhada, uma bolada em jogo de queimado.. e como a coisa chega, a coisa saí fora de controle, te faz sangrar e você se pergunta porque teve que se apaixonar ao invés de serem melhores amigos, daqueles que brincam na escada do prédio vizinho.
 Bom, evidências científicas provam que a vida continua com ou sem amor. Cicatrizes, pontes de safena, juntar caquinhos fazem parte de todo esse processo, e nessa altura do campeonato você não vai deixar de entregar por inteiro seu coração na mão desse alguem que pode estar na esquina a frente.
Nunca tenha medo de novas versões. nunca.
- desculpe, não te conheço.
- prazer, Perigo.
Sol
forte demais
você será ainda
o gelo
mais gostoso
de se ter
na nuca


preste real atenção em meus olhos, iluminar preenche mais que o vazio.
_

Que sejamos, até o final, retratos do momento que durou um segundo antes de você dizer o que queria e eu me calar.

Todos os amores podem morrer.
Eu digo que todos estes amores podem morrer enquanto o meu banho demora ou enquanto eu giro a chave do carro. Quando a coisa certa foi certa demais para os que vivem e existem de mortes renascidas. É um risco dos mais fatais, saber que as paixões não matam nada e nem ninguém, e no entanto o amor é nascimento. Todos estes amores podem morrer um dia. No silêncio, no sossego, na inocência de quem pede perdão, no café da manhã, na longa distância de um abraço.

E tudo isso não passa de uma rápida confissão que faço sobre a borda do meu oceano.