Decida-me. Escolha por mim. Me ensine.
Mas me deixe assim, escrever na tua cara. Tatuar na tua língua todas as minhas versões originais. Cometer crimes. Pirar. Fazer um chá docinho pra te ver dormir ao meu lado. Acordar sem roupa. Sentir calor. Sujar todos os móveis da casa de poesia e gozo.
Prenda-me. Liberte-me. Queira tudo de mim. E, por favor, me deseje por inteiro todos os dias.
Seja o que sou. Seja você.
31.8.10
couple
30.8.10
29.8.10
Parque de diversões
eu o deixo deslizar no escorrega do meu corpo e depois tomar todo o sorvete do mundo!
e o tempo cura os sonhos.
Essa vida é mesmo, certas vezes, uma ironia indiscutivelmente sem graça.
E num súbito passo latino engulo o mundo de uma só vez. Naquela dança que rodopia, por aqui fico poetizando bailarina. E menina, um par de asas pra te abraçar não vai faltar em dias de lantejoulas envelhecidas.
28.8.10
27.8.10
a conta e o risco.
No banco traseiro.
subvertida à retalhos de preces ditas letra por letra em boca vermelha. e repito paciente e sem conflito: não me condene por esse apego, sou à prova de disciplina. Ficar assim sem ar, em nada me espanta. a camisa rasgada, bota na minha conta.
.
25.8.10
blasé
a palavra certa
no tom
absoluto nu
te faço letra enquanto chamas meu nome
já sem privacidade sob o céu
raio.
E vestidos não nos reconhecemos mais.
no meu silêncio ou mesmo na minha ausência
não há uma única palavra que eu possa sublinhar, todas igualmente agudas, comoventes, incisivas e necessárias.
19.8.10
ensaio: despir a pele
o problema nunca é a falta de outro corpo. e sim, o corpo em si, que não se basta.
E ficamos assim, um amontoado de tecidos e desejos. Vazios que não se pode preencher. Músculos contraídos, feridas abertas, órgãos insuficientes, sopro no coração.. Bom, agora é fácil distinguir meu corpo no meio da multidão. E o mundo afrouxa os dedos da minha garganta, parece divertir-se ao me ver experimentar a respiração ao redor da carne viva.
E ficamos assim, um amontoado de tecidos e desejos. Vazios que não se pode preencher. Músculos contraídos, feridas abertas, órgãos insuficientes, sopro no coração.. Bom, agora é fácil distinguir meu corpo no meio da multidão. E o mundo afrouxa os dedos da minha garganta, parece divertir-se ao me ver experimentar a respiração ao redor da carne viva.
baú de março 2010
plano para (dominar) o mundo- parte final
empresto-te o meu corpo (vista-se de mim)
mas terás que tolerar ouvir-me dizer
que te amo
antes de desligarem o microfone.
é mesmo? de novo não vai comer arroz com feijão?
assim vão te rotular de louca!
tá bom, eu te entendo.
assim vão te rotular de louca!
tá bom, eu te entendo.
Leminski, meu amado, poeta, escritor e virginiano
Merda e Ouro
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.
17.8.10
e mais uma vez, o baú. (um dos escritos em março de 2010)
Massagem cardíaca
e lentamente com visão ainda distorcida por imagens em movimento. Aquela velha história de se jogar de olhos fechados no vazio que as emoções atiram. Um corpo aberto em choque com a memória de outro corpo, buscando-se. Entre espasmos de um prazer fulminante a galopes derradeiros dos cheiros que ainda lhe resta na memória. Sangue, pulso, sangue, pulso, pressão em descompasso profundo. E subitamente, uma luz fria que entra pela janela, encerra todas as coisas do princípio e fim do mundo.
16.8.10
entre dois pontos: o espaço.
e tudo ficou ali, naquela concavidade terna que é o espaço entre a curva de um pescoço e um ombro, morno, macio..
Com o cheiro exato que deve ter.
Com o cheiro exato que deve ter.
antecipada
Não que Maria, a doida, não ache a saída já que entrou de cabeça
Pra variar
Maria, a doida se antecipa no labirinto da vida adentrando portas
Que ninguem acredita
Pois é ela, Maria, a doida, maluca, pervertida
Que de sorte esculpida sabe a única saída
De ponta cabeça, essa é a entrada em Maria.
12.8.10
xilindró
falei pra você, sem planos. encontros em desenganos. trapo, laço, rastro jogados. coisa pouca comida, lambida, um desperdício do escambau.
negar pazer é crime, meu bem.
negar pazer é crime, meu bem.
11.8.10
revirando meu baú, mais um dos que escrevi em 2009
Ele me chamou em meio a um temporal destes de verão. Na rua, encharcado, me acenava insistentemente. Eu estava ordinariamente segura e sequinha em minha janela a observar a chuva, esperando não sei bem ao certo oquê, sentindo não sei bem ao certo o quê. E não pude desprezar tamanha energia que vinha do olhar daquele homem. Não vou dizer que sua aparência inspirava segurança, ou sanidade. Mas havia algo mágico naquela cena. A sua intenção estava impressa no ato - Decidido, destinado, se aproximou em passos largos e me entregou, segurando em uma das minhas mãos um pedaço de papel, um pouco borrado e amassado - pudera, a torrencial água que descia do céu naquele momento.- Nunca o tinha visto, desconheço o tom de sua voz, mas desde então trago aquele papel em meu bolso, aquele instante em minha memória e não perco uma chuva de verão, em casa, olhando pela janela.
Reproduzo agora o bilhete, que sossegou a minha espera.
Cara Michelle,Quantos Séculos Precisa um Espírito para Ser Compreendido?
Os maiores acontecimentos e os maiores pensamentos – mas os maiores pensamentos são os maiores acontecimentos – são os que mais tarde se compreendem: as gerações que lhes são contemporâneas não vivem esses acontecimentos, - passam por eles. Acontece aqui algo de análogo ao que se observa no domínio dos astros. A luz das estrelas mais distantes chega mais tarde aos homens; e antes da sua chegada, os homens negam que ali – existam estrelas. “Quantos séculos precisa um espírito para ser compreendido?” – aí está também uma medida, um meio de criar uma hierarquia e uma etiqueta necessárias: para o espírito e para a estrela. Por isso não se acometa. Viva e esqueça de ser compreendida.
Friedrich Nietzsche
9.8.10
(vê) nto
vê (rdade)
vê (neno)
vê (ncido)
vê (rsículos)
vê (lhos)
vê (stidos)
vê (nero)
vê (rsos)
vê (ndidos)
vê (jo)
vê (?)
ok, ok...você é mais legal que eu.
Hei, eu não faço poesia.
pego algumas palavras que cercam branquinhas meus floridos pensamentos, tasco um pouco de sangue, um pouco de gula, uma boa dose de melancolia, uma pitada de gente atrevida e voilá...! Imprimo letrinhas verticais à vida horizontais
ou tanto faz.
ok, ok..
pego algumas palavras que cercam branquinhas meus floridos pensamentos, tasco um pouco de sangue, um pouco de gula, uma boa dose de melancolia, uma pitada de gente atrevida e voilá...! Imprimo letrinhas verticais à vida horizontais
ou tanto faz.
ok, ok..
4.8.10
atmosfera padrão.
ela estava certa
era diferente de mim.
um pós amor traumático, primordial
um queira ou não queira digno do banal.
Ascende a luz, o cigarro
Porque no escuro eu não quero mais nada - fala mansa, inebriada, fumaçada.
E faço as honras desse amor travesseiro, daqueles que se tem apego dia a noite
Inteiro
Porque me empresto, porque te empresto
Amor corpulento em atmosfera fora do padrão
Daqueles de palavrões lascivos
e digo mais
Se algo aqui tem que fundir que seja nós dois e colchão.
Extra large é o que pulsa , pois se o amor enlouquece imagina ficar sem ele.
Imagina sem ele.
2.8.10
[aumente um ponto]
eu e meus parágrafos curtos adoram essas suas demonstrações de amor em via de ser devorada, enquanto só a capa é dura. Fui logo avisando, que era curva fechada em auto estrada e o perigo estava em não acelerar. Você seguiu linhas e entrelinhas das minhas poesias. E eu mais tarde, impreterivelmente, me veria abraçada ao seu tórax rindo de bobagens e sentindo tudo aquilo que prevíamos nesse conto.
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