Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

28.5.12


Você existe e eu nem sei mais.
 Não te acompanho nessa preguiça de se entregar, sem poupar nada de você. Aliás está tudo em movimento, tudo rodopiando nas estações dispersas, enquanto envoltos, ao redor do umbigo dançamos a música do irlandês. E mais uma noite, quase me comporto, cruzo as pernas, jogo o cabelo para trás; e falo. Falo de você pra coisa tranquila de mim, pro cheiro dos meus livros, pro sossego da música. Mas quando eu termino, chego na última página do livro, nessa história mal contada, me dá vontade de explodir no último volume da canção. Eu caminho com um coração rebelde na mão. E você, num movimento rápido leva tudo água abaixo pra gente começar do final.

- Depois disso o café da manhã é seu.

7.5.12

ligeiramente embriagado e em modo fruição. Ao ouvir-me poesia consegue ser inacreditavelmente sexy. Um livro de receitas. Dois, um de doces e outro de salgados, e me pego a come(lê)-lo frugalmente. Por aqui é assim, você se torna um livro aberto ou pior, um livro descarado - disse-me uma vez, depois de me ver recitar baixinho, quase em sussurro. E eu respondo aos tubos, me ignore se for capaz, sou livros pra agora e pra depois! enquanto traço mais uma de minhas estripulias melâncolicas, alcóolicas, sarcásticas, românticas, atômicas.
 Eu aumento volume sempre que estou por perto e faço algazarras ao berros: alugo-me para rir! Faça de mim moradia de sua jornada e me arranque gargalhadas. O mundo não é feito pras recordações em cima do aparador antigo na janela, não se mexe nas boas memórias.
 O mundo é feito pra se jogar, em pêlo.

1.5.12

- o medo come a alma;
 disse o espelho enquanto se distraía com a imagem multifacetada do meu olhar. Sorrateiramente, como quem pede licença, vou adentrando a semelhança que acalenta meus sonhos, numa busca do equilíbrio faceiro, brincando com o bem, o mal, o mundo inteiro. Faço história, faço charme, faço chuva e o escambau. Faço você arrancar essa máscara que de mentira me conta verdades, antes mesmo de esfriar o travesseiro, pra que te lembres que sou ninho e vôo longe. Enquanto nessa encruzilhada, meu bem, ficamos sós, frente a frente com a auto-imagem espelhada no umbigo, no meu caminho digo bem baixinho, pra que nem eu mesma escute: - o que será de nós sem carinho?


orgulho besta, vaidade besta.