Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

30.11.11

E no entanto é bela a ideia do tropeço se ajudar a afirmar o passo.

Joguei minha imagem no copo daquele homem de bigode quente
tragando seu último gole de vida
buscando em sua ferida a minha saída
Cansada do espaço apertado que aquela imagem fazia de mim
Torta
Bati a porta na cara deslavada dos transeuntes que nada sabem sobre o que respiro.
Irônico ou não, vivemos diariamente e pro resto das nossas falíveis vidinhas medíocres, em círculos giratórios que nos fazem cair na mesma até que um dia, a gente acorda, e aceita o tal círculo e aprecia as voltas danadas que ele dá.
Enfim, joguei minha imagem no copo daquele homem de bigode quente
tragando seu último gole de vida
buscando em sua ferida
minha entrada
...


..

22.11.11

 Venha amor sanguinário, me agarre pela cintura enquanto ainda estou de saia. Enquanto ainda pulsa os restos mortais impecáveis daquela noite em que assumi a metade que cabia em seu corpo e que faltava em minha alma. Suba pelas minhas pernas, ataque minhas beiradas com os afagos de quem domina uma nação, enquanto ainda bate em meu peito uma vontade insistente de qualquer coisa que envolva mais alguém.
Venha e supere toda as minhas expectativas mundanas sobre o que ainda aguento no pico do abismo, na minha vertigem, em queda livre, louca e oportuna. Porque se ainda respiro, porque se ainda anseio, porque se ainda quero sentir os vestígios deixados pela sua boca naquele copo de vidro, naquele bar no fim do mundo, perdidos ao som do blues mais triste já ouvido.. Pois venha meu pequeno amor, em cortes profundos, na artéria certa, atinja meu miolo sem medo de rasgar a pele. Seja letal até meu último suspiro.
 E que isso custe todo o meu batom.


13.11.11

Bem vindo de volta ao éter.


 

Se o passado é a transformação de um tempo num lugar, acabaram de inventar no meu peito uma porta aberta. E tudo isso tem um (des)encanto próprio, típico de quem regressa, e carrega suas entranhas anunciadas como jóias. Há os que as carreguem escondidas, como armas, em qualquer parte da vida.  E damos de cara, ou a cara a tapa, com um passado que insiste em não se transformar num só lugar. Seria muito cruel da minha parte se eu disser que fico um bocadinho contente por te ter tirado um pouco do ar?
O verdadeiro passado é aquele que não nos limitamos a recordar mas a percorrer. Respira.


8.11.11


Levo sempre três palavras embaixo da língua, Sr.meritíssimo,
são minhas instruções.
Há quem faça inquérito com elas,
eu só gosto dos que fazem mundo.
- Sou culpada.

Sábio o homem que teme encontrar a vítima e não a assassina.

caso encerrado.

2.11.11

Daí essa sensação de lâmina encostada ao peito. Poesia, portanto. Denso, estreito, profundo, cortante - proclamando abstrato em doses distorcidas horárias, meus pensamentos em gritos. Anseio acordar nesse momento ou morrer em meu leito, seu peito, o nu, à todos, instantes, flashes, frames, o fogo. E certeiros, a ponto de bala, convoco-os enxame, abelhas, zumbidos, zombados, árdidos, ferróticos, nervosos, gostosos, os ossos. Me despeço com mel da carne, meu espaço, nos passos, a Lua, no sangue. Daí a sensação da lâmina encostada no peito. Rasgando-o.