Solidão é pretensão de quem fica
escondido
Fazendo fita

16.4.10

A porta

estava entreaberta. Entrei.
Nada de novo. Tudo no mesmo lugar de ordem. As mesmas cortinas, a mesma mesa, o mesmo quadro. Parte daquela velha conhecida composição que preenchia, que habitava sem ao menos inspirar uma ideologia. Segurança, essa era a palavra escrita seguida de Lar na placa de madeira (comprada em alguma feira de artesanato) que enfeitava a parede próxima a estante. É, pareciam sentir. Ou ao menos, tentavam sentir-se seguros mantendo aqueles cansados livros, enfileirados por tópicos, na prateleira já empenada da tal estante histérica por cuidados. Porém, nada vibrava por ali em aconchego. Não havia calor, não havia aquela magia que faz-te sentir em casa, contando segredos noturnos as paredes confidentes. Tomando chá e comendo seus favoritos biscoitos de leite.
Caminhei.
Caminhei até chegar ao centro. Supostamente o coração deveria ser latente ali...
E, perto da televisão infeliz em seu estado de coma aparente, diante do vazio humano que perpetuava na sala, sem o falatório da platéia. Que me dei conta de que a porta entreaberta era proposital. Um chamado, um convite, um pedido silencioso, religioso ao dinamismo criativo que ronda meu consciente pleno. O exercício ativo na arte de brilhar.

 Um grito mudo de socorro vinha daquelas opacas paredes. E eu estava pronta a transformá-las.

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